A cerveja trapista está para o mundo da cerveja, assim como a champanhe está para o mundo do vinho: bebidas baseadas em tradições centenárias com alto padrão de qualidade e que devem seguir uma série de critérios para fazer parte de um seleto grupo baseado no localização da produção.
Para ser considerada uma trapista, a cerveja tem que ser produzida pelos monges trapistas de uma das 10 abadias no mundo autorizadas pela Associação Internacional Trapista e ter como intuito apenas obter recursos para contribuir com a conservação da abadia e criar projetos sociais com a comunidade local.
Existe uma grande confusão entre as cervejas trapistas e as cervejas de abadia: cervejas trapistas são produzidas somente pelos mosteiros acima mencionados e cerveja de abadia pode ter sido produzida no passado dentro de mosteiros, mas atualmente a produção é terceirizada, podendo ser produzida por qualquer outra cervejaria.
Podemos citar Maredsous, Leffe, Corsendonk, entre outras, como marcas de cervejas de abadia.
No caso das cervejas trapistas, esta lista é muito menor. Apesar de existir mais de 170 abadias no mundo atualmente, apenas 10 abadias são autorizadas a produzir a autêntica cerveja trapista: 6 na Bélgica, 2 na Holanda, 1 na Áustria e a mais nova de todas, que iniciou a produção em janeiro de 2014, nos Estados Unidos.
Aqui segue a lista das cervejas produzidas:
La Trappe – Abadia de Koningshoeven
Orval – Abadia Notre-Dame d’Orval
Rochefort – Abadia de Notre-Dame de Saint-Rémy
Chimay – Abadia de Notre-Dame de Scourmont
Achel – Abadia de Saint Benedict
Westmalle – Abadia de Westmalle
Westvleteren – Abadia de Saint Sixus
Spencer – Abadia de St. Joseph
Zundert – Abadia Maria Toevluch
Gregorius & Benno – Abadia de Engelszell
Para ter certeza que o produto seguiu todos os critérios estabelecidos, e é considerado autêntico, o rótulo de cada cerveja tem o símbolo trapista.
Existe exceções porque certas cervejas como as Westvleteren, não tem nenhum tipo de rótulo.
Em geral, estas cervejas possuem um alto teor alcoólico, sabor sutil de frutas e malte, e uma espuma persistente. Mas a grande diferença deste estilo é a ausência de gosto metálico na boca após a degustação, sensação típica da produção industrial.
Normalmente, as trapistas são divididas pelo teor alcoólico: regular, double ou dubbel, triple ou tripel e quadruple ou quadrupel. Mas existe uma polêmica sobre esta classificação, já que certas cervejas usam esta nomenclatura para indicar outras características do produto: tripel pode ser usado para informar que a cerveja usa três tipos de cereais ou o triplo do volume normal de cevada na fermentação.
Realmente cervejas trapistas são uma iguaria. Um apreciador deve utilizar o seu tempo habilmente para degustar com calma esta cerveja e descobrir a diferença que o cuidado com a qualidade e o respeito com a tradição podem fazer no paladar.